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Filme – O Bombardeio

“O Bombardeio”, dirigido por Ole Bornedal, é um drama de guerra dinamarquês que retrata a trágica Operação Cartago, um ataque aéreo britânico em 21 de março de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, que visava destruir a sede da Gestapo em Copenhague, mas resultou no bombardeio acidental de uma escola, matando 86 crianças e 18 adultos.

Bornedal acerta ao focar nas histórias de personagens comuns, como crianças, freiras, pais, um soldado nazista dinamarquês (Frederik) e pilotos britânicos, em vez de glorificar feitos heroicos. Essa abordagem humaniza o impacto da guerra, mostrando como ela destrói a vida de civis. A trama entrelaça as histórias de forma orgânica, convergindo na tragédia da escola Jeanne D’Arc, o que cria um mosaico emocional envolvente.

O elenco jovem, incluindo Bertram Bisgaard Enevoldsen (Henry), Ester Birch (Rigmor) e Ella Josephine Lund Nilsson (Eva), entrega atuações poderosas e naturais, capturando a inocência devastada pela guerra.

“O Bombardeio” é baseado em um evento real, a Operação Cartago, e demonstra um compromisso notável com a fidelidade histórica em vários aspectos. A representação da ocupação nazista em Copenhague, a colaboração da resistência dinamarquesa com a RAF e os detalhes do bombardeio (como os aviões Mosquito voando baixo e o acidente que levou à confusão com a escola) são precisos e corroborados por registros históricos. A Shell House (Shellhus), sede da Gestapo, e a escola Jeanne D’Arc são retratadas com base em fatos, incluindo o número de vítimas (125 civis, sendo 86 crianças) e o impacto do ataque, que destruiu a Gestapo, mas a um custo trágico.

No entanto, o filme toma liberdades criativas ao criar personagens fictícios, como Henry, Eva, Rigmor e Teresa, para representar as vítimas e sobreviventes. Embora isso humanize a narrativa, pode dar a impressão de que certos dramas pessoais (como a crise de fé de Teresa ou o arco de redenção de Frederik) são históricos, quando na verdade são invenções. Além disso, a ênfase nas perspectivas infantis, embora emocionalmente eficaz, simplifica alguns aspectos táticos e políticos da operação, como as razões pelas quais a RAF optou por um ataque tão arriscado.

Em termos de ambientação, o filme é meticuloso, com cenários, figurinos e até panfletos nazistas (como o “OPROP!”) retratados com fidelidade. A crítica ao erro britânico, embora presente, é menos detalhada do que poderia ser, omitindo, por exemplo, debates históricos sobre a pressão da resistência dinamarquesa ou a falta de coordenação da RAF. Assim, o filme é historicamente realista em sua essência, mas prioriza o impacto emocional sobre uma análise exaustiva dos fatos.

Conclusão

“O Bombardeio” é um filme poderoso que combina uma direção competente, atuações marcantes (especialmente das crianças) e uma mensagem anti-guerra contundente.No entanto, o ritmo lento, a dispersão narrativa e a falta de aprofundamento em alguns aspectos históricos podem frustrar quem busca uma análise mais focada ou crítica. Do ponto de vista histórico, o filme é fiel aos eventos centrais da Operação Cartago, mas suas liberdades criativas e ênfase emocional o tornam mais uma homenagem às vítimas do que um documentário.

O filme nos apresenta uma história até então pouco conhecida da 2º guerra mundial, o que já faz valer apena assistir O Bombardeio.

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Filme: O Bombardeio

Direção: Ole Bornedal

País: Dinamarca

Ano: 2021

Gênero: Guerra/Drama

Nota: 6/10

Fernando Rocha

Fernando Rocha, formado em Direito pela PUC/RS e apaixonado por história, é o autor e criador deste site dedicado a explorar e compartilhar os fascinantes acontecimentos do passado. Ele se dedica a pesquisar e escrever sobre uma ampla gama de tópicos históricos, desde eventos políticos e culturais até figuras influentes que moldaram o curso da humanidade."

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