Corrida Espacial: A Disputa pelo Espaço Durante a Guerra Fria
O que foi a Corrida Espacial? Podemos definir a Corrida Espacial como um dos capítulos mais emblemáticos da Guerra Fria, uma disputa tecnológica e ideológica entre os Estados Unidos e a União Soviética pelo domínio do espaço sideral. Mais do que uma simples competição científica, essa corrida simbolizava a supremacia política e militar das duas superpotências, transformando o cosmos no novo campo de batalha da propaganda e da inovação.
Iniciada com o lançamento do Sputnik 1 pela União Soviética em 1957, a corrida atingiu seu auge em 1969, quando os EUA fincaram sua bandeira na Lua com a missão Apollo 11. O embate não se limitou apenas a foguetes e satélites, mas moldou o avanço da tecnologia moderna, influenciando desde comunicações até exploração interplanetária.
Provocando tanto medo quanto fascínio, a Corrida Espacial redefiniu os limites da humanidade e provou que, mesmo sob a ameaça da destruição nuclear, a guerra também poderia ser travada na busca pelo desconhecido.
Contexto Histórico
A corrida espacial ocorreu em um dos períodos mais tensos do século XX: a Guerra Fria (1947-1991). Esse conflito não foi uma guerra tradicional, mas uma disputa ideológica, militar, política e tecnológica entre as duas superpotências da época: os Estados Unidos, representando o capitalismo, e a União Soviética (URSS), representando o comunismo. Ambos buscavam demonstrar sua superioridade global, e a exploração espacial se tornou um dos principais campos dessa rivalidade.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o mundo se dividiu entre os blocos liderados por EUA e URSS. Cada nação investiu pesadamente em ciência e tecnologia, tanto para fins militares quanto para propaganda política. O desenvolvimento de foguetes intercontinentais, essenciais para a corrida espacial, teve origem nos estudos nazistas durante a guerra, principalmente com os mísseis V-2 da Alemanha, cujos cientistas foram capturados por ambos os lados. Nesse contexto, o Programa Paperclip desempenhou um papel crucial. Iniciado pelos Estados Unidos, o programa tinha como objetivo recrutar cientistas e engenheiros alemães, incluindo especialistas em foguetes como Wernher von Braun, para trabalhar em projetos americanos. A União Soviética também realizou um programa similar, buscando absorver o conhecimento técnico alemão. Essa disputa pelo intelecto científico alemão intensificou a corrida espacial, impulsionando o desenvolvimento de tecnologias que seriam fundamentais para os avanços espaciais das décadas seguintes.
A corrida espacial começou oficialmente em 1957, quando a União Soviética lançou o Sputnik 1, o primeiro satélite artificial. Esse evento abalou os EUA, que passaram a investir mais em programas espaciais.
Início da Corrida Espacial – Lançamento do Sputnik
O Sputnik 1 foi o primeiro satélite artificial da história, lançado pela União Soviética em 4 de outubro de 1957. Esse evento marcou o início da corrida espacial entre os soviéticos e os Estados Unidos, além de simbolizar um grande avanço tecnológico e científico para a humanidade.
Com formato esférico e cerca de 58 centímetros de diâmetro, o Sputnik 1 pesava aproximadamente 83,6 kg e era equipado com quatro antenas para transmitir sinais de rádio. Sua órbita ao redor da Terra durava cerca de 96 minutos, e seus “bipes” emitidos por rádio foram captados em diversas partes do mundo, causando grande impacto na opinião pública, especialmente nos EUA.

O lançamento do Sputnik 1 foi um marco não apenas por sua inovação tecnológica, mas também por suas implicações políticas. Os Estados Unidos, que até então acreditavam estar à frente na exploração espacial, foram pegos de surpresa e viram o evento como uma ameaça à sua segurança e liderança global.
O Primeiro Ser Vivo no Espaço – O Lançamento da Sputnik 2 com a Cadela Laika
Após o sucesso do Sputnik 1 em outubro de 1957, a União Soviética decidiu acelerar seus esforços na corrida espacial contra os Estados Unidos. O líder soviético Nikita Khrushchev queria um novo feito impressionante para demonstrar a superioridade tecnológica do país. Assim, os cientistas soviéticos projetaram o Sputnik 2 em tempo recorde, concluindo sua construção em apenas um mês.
O Sputnik 2 foi o segundo satélite lançado pela União Soviética e o primeiro a levar um ser vivo ao espaço. Lançado em 3 de novembro de 1957, menos de um mês após o Sputnik 1, o satélite carregava a cadela Laika, tornando-se um marco na história da exploração espacial e no estudo dos efeitos do ambiente espacial em organismos vivos.

O Sputnik 2 era significativamente maior e mais complexo do que seu antecessor. Pesava aproximadamente 508 kg e tinha uma estrutura cônica de cerca de 4 metros de altura. O satélite possuía sensores para medir a radiação solar e raios cósmicos, além de sistemas de suporte à vida para a cadela Laika.
O módulo de vida continha um ambiente pressurizado, com ventilação, água e ração em forma de gel. Havia também sensores para monitorar os batimentos cardíacos, respiração e outros sinais vitais da cadela.
Laika, uma vira-lata encontrada nas ruas de Moscou, foi escolhida para a missão devido ao seu porte pequeno e temperamento calmo. Antes do voo, ela passou por treinamentos rigorosos, incluindo simulações de lançamento e adaptação a espaços confinados.
O lançamento foi bem-sucedido, e Laika entrou em órbita, tornando-se o primeiro ser vivo a alcançar o espaço. Inicialmente, os sinais vitais indicavam que ela estava viva, mas os sensores mostraram que seu coração batia muito mais rápido que o normal devido ao estresse da decolagem.
Infelizmente, a cápsula não foi projetada para retornar à Terra, e Laika morreu algumas horas após o lançamento, provavelmente devido ao superaquecimento causado por falhas no sistema de controle térmico. O satélite permaneceu em órbita por 162 dias, até 14 de abril de 1958, quando reentrou na atmosfera e foi destruído.
O Sputnik 2 forneceu dados valiosos sobre os efeitos do ambiente espacial nos organismos vivos. Essa experiência ajudou a preparar o caminho para futuras missões tripuladas, como o voo de Yuri Gagarin em 1961.
No entanto, a missão gerou controvérsias devido ao sofrimento de Laika. Décadas depois, cientistas soviéticos expressaram arrependimento pelo sacrifício da cadela.
Criação da NASA, a Resposta dos EUA
A criação da NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) foi uma resposta direta dos Estados Unidos ao avanço soviético na corrida espacial. O evento que impulsionou essa decisão foi o lançamento do Sputnik 1, em 4 de outubro de 1957, quando a União Soviética colocou em órbita o primeiro satélite artificial da história. Esse feito surpreendeu os norte-americanos e gerou grande preocupação, pois demonstrava a capacidade soviética de desenvolver tecnologia espacial avançada, algo que poderia ter implicações militares significativas no contexto da Guerra Fria.
O lançamento do Sputnik 2, em novembro de 1957, que levou a cadela Laika ao espaço, intensificou ainda mais a pressão sobre os Estados Unidos para responder à superioridade soviética na exploração espacial. Até aquele momento, os esforços espaciais norte-americanos estavam dispersos entre diferentes agências militares e civis, como a NACA (Comitê Nacional para a Aeronáutica) e programas do Exército, Marinha e Força Aérea. Ficou evidente que, para competir com os soviéticos, os EUA precisavam de uma organização centralizada e eficiente para coordenar suas atividades espaciais.
Em resposta a essa necessidade, o presidente Dwight D. Eisenhower propôs a criação de uma agência espacial unificada. Assim, em 29 de julho de 1958, ele assinou a Lei Nacional da Aeronáutica e do Espaço, estabelecendo oficialmente a NASA, que entrou em operação em 1º de outubro de 1958. A nova agência assumiu os projetos da NACA e de outros programas espaciais existentes, ampliando suas funções para incluir o desenvolvimento de foguetes, satélites e futuras missões tripuladas.
Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço
A Vostok 1 foi a primeira missão espacial tripulada da história, lançada pela União Soviética em 12 de abril de 1961. A bordo da espaçonave estava o cosmonauta Yuri Gagarin, que se tornou o primeiro ser humano a viajar pelo espaço e orbitar a Terra. Esse feito foi um dos momentos mais marcantes da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética, consolidando a liderança soviética na exploração espacial no início da década de 1960.
O desenvolvimento da Vostok 1 foi parte do ambicioso programa espacial soviético liderado pelo engenheiro Serguei Korolev. O objetivo era demonstrar a capacidade da URSS de enviar seres humanos ao espaço antes dos Estados Unidos. A espaçonave Vostok foi projetada como um veículo esférico, com aproximadamente 2,3 metros de diâmetro, acoplado a um módulo de serviço contendo sistemas de suporte à vida e propulsão. A cápsula não tinha controles manuais, pois a missão era totalmente automatizada para garantir a segurança do cosmonauta em caso de problemas.

O lançamento ocorreu no Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, impulsionado pelo foguete Vostok-K. Durante a subida, Gagarin proferiu sua famosa frase “Poyekhali!” (“Vamos lá!”), marcando o início da jornada histórica. A espaçonave atingiu a órbita terrestre a uma altitude de aproximadamente 327 km e completou uma volta ao redor do planeta em cerca de 108 minutos. Durante a missão, Gagarin manteve comunicação com a base e relatou que estava em boas condições, descrevendo a visão da Terra do espaço.
A reentrada da Vostok 1 foi um dos momentos mais críticos da missão. A cápsula passou por altas temperaturas ao entrar novamente na atmosfera, e houve um problema com a separação do módulo de serviço, que permaneceu preso à cápsula por alguns instantes antes de finalmente se desprender. Como a espaçonave não possuía um sistema de pouso suave, Gagarin ejetou-se a uma altitude de 7 km e desceu em um paraquedas separado, pousando com segurança próximo ao rio Volga, na União Soviética.
O sucesso da Vostok 1 teve um impacto global, sendo um grande triunfo para a União Soviética e um duro golpe para os Estados Unidos na corrida espacial. O feito de Gagarin foi amplamente explorado como propaganda política, demonstrando a superioridade tecnológica soviética e reforçando a influência do país no cenário internacional. O governo soviético o transformou em um herói nacional, concedendo-lhe diversas homenagens e promovendo-o a coronel.
Programa Mercury e os Primeiros Astronautas Americanos
As missões espaciais que levaram Alan Shepard e John Glenn marcaram momentos históricos para os Estados Unidos na corrida espacial contra a União Soviética. Ambas foram realizadas no âmbito do Programa Mercury, o primeiro programa espacial tripulado da NASA, e representaram passos fundamentais para o avanço da exploração espacial norte-americana.
A missão de Alan Shepard, chamada Mercury-Redstone 3 (ou Freedom 7), ocorreu em 5 de maio de 1961. Shepard se tornou o primeiro astronauta norte-americano a viajar ao espaço, realizando um voo suborbital de cerca de 15 minutos. Sua cápsula atingiu uma altitude de 187 km e uma velocidade de aproximadamente 8.300 km/h antes de cair no Oceano Atlântico, onde foi resgatado com segurança. Embora breve, a missão provou que os Estados Unidos estavam capacitados para enviar humanos ao espaço. Shepard não orbitou a Terra, mas seu voo foi crucial para impulsionar o programa espacial norte-americano.
Já John Glenn, em 20 de fevereiro de 1962, protagonizou a missão Mercury-Atlas 6 (ou Friendship 7), tornando-se o primeiro norte-americano a orbitar a Terra. A bordo de sua cápsula, ele completou três voltas ao redor do planeta em um voo que durou cerca de 4 horas e 55 minutos, atingindo uma altitude máxima de 265 km. Durante a missão, Glenn enfrentou um problema com o escudo térmico, que poderia ter comprometido sua reentrada na atmosfera. Felizmente, o sistema funcionou corretamente, e o astronauta pousou em segurança no oceano.
Valentina Tereshkova – A Primeira Mulher no Espaço
A missão que levou a primeira mulher ao espaço foi a Vostok 6, lançada pela União Soviética em 16 de junho de 1963. A cosmonauta Valentina Tereshkova tornou-se a primeira mulher a viajar para o espaço, quebrando barreiras de gênero e se tornando uma das figuras mais emblemáticas da história da exploração espacial. Essa missão foi um marco não apenas para a União Soviética, mas também para o movimento feminino, destacando a capacidade das mulheres de desempenharem papéis de destaque em campos tradicionalmente dominados por homens.

Valentina Tereshkova, nascida em 1937 em uma vila na União Soviética, foi uma das cinco mulheres selecionadas pelo programa espacial soviético em 1962. Antes de ser escolhida para a missão, ela era uma operária têxtil e uma entusiasta do esporte, especialmente do salto de paraquedas. Tereshkova teve sua carreira acelerada no programa espacial devido ao seu treinamento rigoroso e habilidade de saltar de paraquedas, algo que foi essencial para a missão. Ela também passou por um intenso treinamento físico e psicológico para suportar as condições extremas do voo espacial.
A Vostok 6 foi uma missão totalmente tripulada, e a cápsula foi lançada a partir do Cosmódromo de Baikonur. A missão foi parte de um esforço maior para testar a capacidade de voos espaciais com múltiplas naves. Antes de Tereshkova, a União Soviética já havia lançado missões espaciais tripuladas com homens, e a missão Vostok 5 havia sido lançada no dia 14 de junho de 1963, dois dias antes de Vostok 6. Durante a missão de Tereshkova, a espaçonave foi enviada em órbita ao redor da Terra, e ela completou 48 órbitas durante os 71 horas de voo.
Primeira caminhada espacial
A primeira caminhada espacial da história foi realizada pelo cosmonauta soviético Alexei Leonov, em 18 de março de 1965, durante a missão Voskhod 2, que fazia parte do programa espacial soviético. Essa missão foi um marco importante para a exploração espacial, pois Leonov se tornou o primeiro ser humano a sair de uma espaçonave e flutuar no espaço exterior, abrindo caminho para futuras atividades extraveiculares, ou EVAs (atividade extraveicular, na sigla em inglês).
Leonov e seu colega de missão, Pavel Belyayev, foram lançados ao espaço a bordo da espaçonave Voskhod 2, com o objetivo principal de realizar um experimento inédito: a caminhada espacial. Leonov vestia uma cápsula espacial especialmente projetada para essa atividade, que estava equipada com sistemas de vida e ventilação. Após se desacoplar da cápsula, Leonov passou 12 minutos fora da espaçonave, flutuando no vácuo do espaço e realizando testes. Durante esse período, ele ficou a cerca de 5 metros da cápsula.
O evento histórico não foi isento de desafios. Durante a caminhada, Leonov enfrentou dificuldades imprevistas, como o inchaço da sua roupa espacial, que dificultou o retorno à espaçonave. Ele ficou preso parcialmente fora da cápsula e teve que despressurizar sua roupa manualmente para conseguir retornar com segurança. A missão, embora bem-sucedida, foi arriscada e perigosa, demonstrando a complexidade e os riscos envolvidos nas caminhadas espaciais.
Leonov retornou à espaçonave com segurança, e a missão Voskhod 2 foi considerada um grande sucesso para o programa espacial soviético. Sua caminhada espacial foi uma das conquistas mais importantes da corrida espacial e um marco fundamental na exploração do espaço.
Missão Apollo 8
A Apollo 8 foi uma das missões mais importantes do Programa Apollo, realizada pela NASA, e marcou um marco na exploração espacial. Lançada em 21 de dezembro de 1968, a Apollo 8 foi a primeira missão tripulada a deixar a órbita da Terra e viajar até a Lua, preparando o caminho para o pouso lunar da Apollo 11, que ocorreria em 1969.
A missão foi comandada por Frank Borman, com os astronautas James Lovell e William Anders como pilotos. O objetivo principal da Apollo 8 era realizar uma órbita ao redor da Lua e testar a espaçonave e os sistemas de navegação para futuras missões lunares. A Apollo 8 foi lançada a bordo do foguete Saturn V, o mais poderoso já construído até aquele momento, e em poucos dias a espaçonave entrou em órbita lunar, completando 10 órbitas ao redor da Lua.
Um dos momentos mais emblemáticos da missão foi quando os astronautas capturaram a famosa fotografia de “A Terra ao longe” (Earthrise), mostrando a Terra surgindo atrás da Lua. Esta imagem tornou-se um símbolo da fragilidade do nosso planeta e teve um grande impacto na percepção global sobre o meio ambiente.
Após completar as órbitas, a Apollo 8 realizou um burn de transição para uma trajetória de retorno à Terra. A missão foi um enorme sucesso, fornecendo dados cruciais para o planejamento das missões subsequentes, incluindo a Apollo 11, que levou o primeiro homem à Lua. A Apollo 8 também teve um grande significado cultural, pois foi transmitida ao vivo na véspera de Natal, com os astronautas lendo o Gênesis, uma mensagem de paz e esperança para a humanidade.
Apollo 11 e a Conquista da Lua
A Apollo 11 foi a missão mais histórica do Programa Apollo, da NASA, e marcou o primeiro pouso de um ser humano na Lua. Lançada em 16 de julho de 1969, a Apollo 11 teve como objetivo cumprir a ambiciosa meta do presidente John F. Kennedy, de levar um homem à Lua e trazê-lo de volta com segurança antes do final da década de 1960. Esse feito não apenas consolidou a supremacia espacial dos Estados Unidos, mas também representou um marco na história da humanidade.
A tripulação da Apollo 11 era composta por três astronautas: Neil Armstrong, o comandante da missão; Buzz Aldrin, o piloto do módulo lunar; e Michael Collins, o piloto do módulo de comando. O foguete Saturn V, que impulsionou a Apollo 11, era o mais poderoso já construído até aquele momento e levou a espaçonave até a órbita lunar. O módulo de comando, chamado Columbia, permaneceu em órbita ao redor da Lua, enquanto o módulo lunar, Eagle, desceu até a superfície lunar com Armstrong e Aldrin a bordo.
No dia 20 de julho de 1969, a Apollo 11 chegou à Lua. Após uma descida tensa, o módulo lunar Eagle pousou na região chamada Mar da Tranquilidade. Armstrong foi o primeiro a sair da nave e, ao pisar na superfície lunar, proferiu a famosa frase: “É um pequeno passo para [um] homem, um grande salto para a humanidade”. Aldrin se juntou a ele em seguida, e os dois astronautas passaram cerca de 2 horas e 15 minutos coletando amostras de solo lunar, realizando experimentos e colocando bandeiras e placas comemorativas.

Durante esse histórico evento, Michael Collins permaneceu no módulo de comando, orbitando a Lua sozinho, aguardando o retorno de seus companheiros. Ele teve um papel crucial, mantendo a comunicação com a Terra e garantindo o sucesso da missão. Armstrong e Aldrin recolheram 21,5 kg de rochas lunares, realizaram experimentos e montaram o famoso módulo lunar, com a bandeira dos Estados Unidos hasteada na superfície lunar.
Após a missão na Lua, os astronautas retornaram ao módulo de comando e iniciaram a jornada de volta à Terra. A cápsula de reentrada, Columbia, reentrou na atmosfera terrestre com sucesso e fez um pouso seguro no Oceano Pacífico, em 24 de julho de 1969. A missão Apollo 11 foi um êxito retumbante, cumprindo seu objetivo de levar o homem à Lua e marcando um grande triunfo para os Estados Unidos na corrida espacial contra a União Soviética.
Além de sua importância científica, a Apollo 11 teve um impacto global e cultural profundo. A missão foi assistida por milhões de pessoas ao redor do mundo, tanto nas transmissões ao vivo quanto nas gravações das imagens históricas. A Apollo 11 também abriu o caminho para futuras missões lunares, além de estimular inovações tecnológicas que beneficiaram a sociedade em várias áreas, como a computação, as telecomunicações e a medicina.
Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornaram heróis internacionais, sendo recebidos com honras ao retornarem à Terra. O legado da Apollo 11 perdura como um símbolo do potencial humano para alcançar grandes feitos e explorar o desconhecido. A missão estabeleceu uma nova era para a exploração espacial e deixou uma marca indelével na história da humanidade.
A Primeira Estação Espacial da História
O lançamento da primeira estação espacial da história, a Salyut 1, ocorreu em 19 de abril de 1971, e foi um marco fundamental na exploração espacial. Desenvolvida pela União Soviética, a Salyut 1 foi a primeira estação espacial modular, projetada para realizar uma variedade de experimentos científicos no espaço, bem como para testar a viabilidade de longos períodos de permanência dos seres humanos fora da Terra.
A estação Salyut 1 fazia parte do programa soviético Almaz, originalmente concebido como uma estação espacial militar, mas posteriormente reorientado para fins civis e científicos. A Salyut 1 tinha a missão de fornecer uma plataforma para estudos em várias áreas, como astronomia, biologia e medicina, além de testar as condições para missões espaciais prolongadas. A estação foi projetada para acomodar três cosmonautas e tinha espaço para abrigar equipamentos científicos, câmeras e sistemas de controle.
O lançamento da Salyut 1 foi realizado a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo de um foguete Proton. A estação foi colocada em órbita terrestre baixa, a cerca de 300 km da Terra, e sua missão estava inicialmente prevista para durar cerca de 15 dias. Uma das características notáveis da Salyut 1 era seu formato cilíndrico e a presença de um módulo de habitação e um módulo de laboratório, permitindo que os cosmonautas realizassem diversos experimentos científicos em microgravidade.
Em 23 de abril de 1971, a primeira missão tripulada, composta pelos cosmonautas Vladimir Shatalov, Georgi Dobrovolski e Viktor Patsayev, foi lançada a bordo da nave Soyuz 10 para acoplar-se à Salyut 1. No entanto, a missão enfrentou dificuldades. Durante a aproximação à estação, um problema no sistema de acoplamento impediu que a Soyuz 10 se conectasse com a Salyut 1. Em consequência, os cosmonautas retornaram à Terra, e uma nova missão foi lançada para tentar acoplar-se à estação. Em 24 de abril, uma nova tripulação, composta pelos cosmonautas Dobrovolski, Patsayev e Vladislav Volkov, foi enviada a bordo da Soyuz 11 e conseguiu acoplar-se à estação.
Infelizmente, durante a missão, a tripulação da Soyuz 11 enfrentou uma tragédia. Quando a nave retornou à Terra, foi descoberto que os cosmonautas haviam morrido devido a asfixia. Um vazamento no sistema de ventilação da Soyuz 11 causou a perda de oxigênio na cabine, resultando na morte dos três cosmonautas. Isso fez com que a missão da Salyut 1 fosse interrompida temporariamente e levantou questões sobre a segurança das missões espaciais de longa duração.
Apesar da tragédia, a Salyut 1 continuou em órbita por mais alguns meses, realizando experimentos científicos. Em outubro de 1971, a estação foi desorbitada e reentró no ambiente terrestre. Embora tenha permanecido em funcionamento por um tempo limitado, a Salyut 1 provou ser um passo importante no desenvolvimento das estações espaciais, influenciando futuros programas espaciais, como a Mir, que seria lançada anos depois pela União Soviética.
O Fim da Corrida Espacial
O fim da corrida espacial não foi um evento abrupto, mas uma série de transformações políticas, econômicas e tecnológicas que aconteceram ao longo do tempo. O marco final da corrida espacial pode ser situado no pouso na Lua de 1969, que foi considerado o objetivo culminante da competição espacial. O sucesso da Apollo 11 representou o cumprimento do desafio lançado por John F. Kennedy em 1961, de levar um homem à Lua até o final da década de 1960, e a partir desse momento, o foco da exploração espacial começou a se mover para outras prioridades. Para os Estados Unidos, o grande objetivo já havia sido alcançado, e a missão espacial tornou-se mais orientada para a pesquisa científica e para o desenvolvimento de programas de longa duração, como as estações espaciais e as futuras missões à Marte.
Por outro lado, a União Soviética, embora ainda com avanços importantes em sua exploração espacial, como o envio de cosmonautas ao espaço e o desenvolvimento de sua própria estação espacial, a Mir, não conseguiu alcançar a mesma vitória simbólica da Apollo 11, o que levou a uma diminuição do investimento e interesse no programa espacial, especialmente após o final da década de 1970. A détente, período de relaxamento das tensões da Guerra Fria entre as duas superpotências, também contribuiu para a redução da rivalidade espacial, com um foco maior em cooperação, como foi o caso da missão Apollo-Soyuz, em 1972, quando astronautas e cosmonautas realizaram a primeira acoplagem entre espaçonaves de diferentes países.
O verdadeiro fim da corrida espacial, no entanto, ocorreu no início da década de 1970, quando a União Soviética interrompeu a sua série de programas espaciais tripulados e a NASA começou a focar seus esforços em novas frentes, como a exploração do sistema solar e o desenvolvimento de foguetes reutilizáveis, exemplificados pelos shuttles espaciais. A corrida espacial, portanto, terminou com o reconhecimento de que a exploração espacial não deveria mais ser vista como uma simples competição, mas como uma oportunidade para a humanidade avançar coletivamente em direção ao desconhecido.
Hoje, a exploração do espaço continua sendo uma prioridade para várias nações e empresas privadas, mas a era da corrida espacial, marcada pela intensa rivalidade e pela corrida para alcançar a Lua, já pertence ao passado. A fase atual é caracterizada pela colaboração internacional, como evidenciado pela Estação Espacial Internacional (ISS), onde os Estados Unidos, a Rússia, a União Europeia e outros países trabalham juntos em uma plataforma científica de pesquisa. A corrida espacial, portanto, não terminou no sentido de cessar a exploração do espaço, mas evoluiu para um esforço cooperativo, com novos desafios e objetivos à medida que olhamos para as estrelas e além.