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Lyudmila Pavlichenko – a sniper mais mortal da história

Lyudmila Pavlichenko nasceu em Bila Tserkva, cidade próxima a Kiev em 12/07/1916. Com apenas 14 anos de idade, Pavlichenko começou a praticar tiro em uma escola local, onde tornou-se uma exímia atiradora.

Pavlichenko cursava o quarto ano da faculdade de história na Universidade de Kiev quando, em 22/06/1941, a Alemanha Nazista iniciou a operação Barbarossa, uma enorme ofensiva militar com a intenção de invadir a União Soviética.

A Alemanha de Hitler mobilizou o maior contingente de invasão da história contra os soviéticos, rompendo suas fronteiras com cerca de quatro milhões de soldados e 600 mil veículos.

Lyudmila rapidamente correu para se alistar ao exército vermelho e combater as tropas invasoras sendo conduzida ao 25º exército vermelho. Por ser mulher foi imediatamente destacada como enfermeira, contudo, Pavlichenko optou por se juntar a infantaria e utilizar as habilidades de tiro que havia adquirido ainda na adolescência.

A escolha não foi fácil, já que na época havia muito preconceito em relação a mulheres na linha de frente. Pavlichenko chegou a ouvir de um alto oficial do exército vermelho, em tom de deboche, de que ela deveria ter se tornado enfermeira.

Inicialmente, Pavlichenko foi designada para combater na Grécia e na Moldávia. Posteriormente ganhou fama ao combater na defesa de Odessa, as margens do Mar Negro, atualmente território ucraniano, onde abateu cerca de 187 soldados inimigos. Após combater por cerca de dois meses e meio em Odessa, a cidade caiu e o exército vermelho evacuou os combatentes pelo Mar Negro, reagrupando suas forças em Sebastopol, na península da Criméia.

A sniper ganhou notoriedade por sua pontaria impecável e começou a ser utilizada como peça de propaganda do exército vermelho. Os feitos de Pavlichenko eram exaltados e amplamente divulgados. Durante sua atuação na 2º guerra, a jovem matou 309 inimigos, feito que a tornou a sniper mais mortal da história. Dentre os 309 mortos, estima-se que 100 eram oficiais do exército nazista e 36 eram snipers adversários.

Pavlichenko combateu as forças alemãs até junho de 1942, quando foi atingida, no rosto, por estilhaços de um morteiro alemão durante a Batalha de Sabastopol. A partir deste momento começou a formar franco atiradores soviéticos para serem enviados para a frente de combate.

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Turnê pelos Estados Unidos

O Governo soviético enviou Lyudmila, juntamente com outro franco atirador famoso, Vladimir Pchelintsev, para um giro pelos Estados Unidos com o intuito de gerar simpatia americana e consequentemente apoio contra as forças do eixo.Ela foi a primeira soviética a ser recebida na Casa Branca, além de ter cativado a então primeira dama americana Eleanor Roosevelt, que saiu em viagem com Pavlichenko por diversos Estados.

Imagem de Lyudmila Pavlichenko com Eleanor Roosevelt
Imagem de Lyudmila Pavlichenko com Eleanor Roosevelt

Durante a visita aos EUA, Pavlichenko se mostrou bastante incomodada com perguntas completamente desconexas com a dura realidade da frente de combate tendo proferido muitas frases de efeito que se tornaram marca na sua visita.

Quando um jornalista questionou se ela usava maquiagem em combate logo respondeu:

“Não havia nenhuma regra que proibisse (maquiagem). Mas quem tem tempo de pensar o quanto brilha seu nariz no meio de uma batalha?”

Em 1942, para a revista Time ela afirmou:

“Se vê que, para os americanos, o importante é se as mulheres vestem roupa íntima de seda por baixo do uniforme. Mas o significado verdadeiro do uniforme, isso eles (os americanos) precisam aprender”

Reconhecimento internacional

No exército Pavlichenko chegou ao posto de Major e recebeu, em 1943, a Estrela de Ouro de Heroína da União Soviética. Houve a confecção de um selo em sua homenagem.

Nos EUA, recebeu do cantor Woody Guthrie uma música em sua homenagem, chamada de Miss Pavlichenko.

Também foi tema do filme russo Batalha de Sevastopol:

capa do filme Batalha de Sevastopol

A farsa de Lyudmila Pavlichenko

Muitos historiadores questionam a lenda de Pavlichenko e acreditam que os feitos da sniper foram forjados, ou pelo menos, maximizados pela máquina de propaganda soviética.

Tal questionamento é pertinente, eis que em guerras é comum haver histórias forjadas, como recentemente ocorreu com o mito do “fantasma de Kiev”, onde supostamente um único piloto havia abatido mais de 10 aviões inimigos voando praticamente sem nenhum apoio aéreo logístico.

A máquina de propaganda durante as guerras é utilizado com dois objetivos principais, elevar a moral das tropas e intimidar o exército adversário.

No caso de Pavlichenko, a historiadora russa Lyuba Vinogradova, autora de diversos livros sobre a 2º guerra, escreveu:

É muito estranho que ela não tenha recebido nenhuma medalha em Odessa, apesar de dizerem que tenha acabado com 187 inimigos

Aos franco-atiradores era concedida uma medalha para cada dez inimigos mortos ou feridos. E a Ordem da Estrela Vermelha para cada vinte. Se bastavam 75 baixas para receber o título de Herói da União Soviética, por que ela não recebeu nada (naquele momento)?

Outro questionamento recorrente é em relação a sua saída de combate, já que a história oficial diz que ela foi atingida por estilhaços de um morteiro alemão no rosto. Porém, não se percebe nenhuma cicatriz no rosto da sniper.

Sendo verdadeiras ou não, fato é que Lyudmila Pavlichenko é considerada a mais eficaz e letal sniper de todos os tempos e recebeu o apelido de Lady Death, algo como senhora da morte em Português.

Fernando Rocha

Fernando Rocha, formado em Direito pela PUC/RS e apaixonado por história, é o autor e criador deste site dedicado a explorar e compartilhar os fascinantes acontecimentos do passado. Ele se dedica a pesquisar e escrever sobre uma ampla gama de tópicos históricos, desde eventos políticos e culturais até figuras influentes que moldaram o curso da humanidade."

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