História da AlemanhaII Guerra

Erwin Rommel: A Raposa do Deserto

Erwin Rommel, também conhecido como “A Raposa do Deserto”, foi um dos generais mais notáveis e carismáticos da Segunda Guerra Mundial. Sua habilidade tática, audácia e liderança carismática lhe renderam reconhecimento tanto entre aliados quanto inimigos.

Anos Iniciais e a Formação do Futuro General

Erwin Johannes Eugen Rommel, nascido em 15 de novembro de 1891 em Heidenheim, Alemanha, viria a se tornar um dos generais mais renomados e habilidosos da Segunda Guerra Mundial. Sua notável carreira militar foi moldada por seus primeiros anos e educação, que instilaram nele qualidades de liderança, coragem e inovação tática.

Rommel ingressou no exército alemão em 1910, antes mesmo do início da Primeira Guerra Mundial. Seus primeiros anos de serviço proporcionaram-lhe uma compreensão profunda das táticas de infantaria e das complexidades do combate. Durante a Grande Guerra, serviu em várias frentes, onde demonstrou coragem notável e iniciativa em batalha. Sua promoção a tenente-coronel refletiu o reconhecimento de sua habilidade de liderança e coragem.

No entanto, foi durante os intervalos entre os conflitos que Rommel teve a oportunidade de aprimorar suas habilidades táticas e teóricas. Ele estudou as teorias de líderes militares renomados, como Carl von Clausewitz e Antoine-Henri Jomini, e desenvolveu uma profunda compreensão da arte da guerra. Sua dedicação à aprendizagem e sua busca contínua pelo conhecimento tático o distinguiram como um pensador militar excepcional.

O ponto culminante dessa dedicação intelectual foi o livro “Infanterie Greift An” (A Infantaria Ataca), publicado em 1937. Nesse trabalho, Rommel compartilhou suas experiências e insights sobre táticas de combate modernas. O livro se tornou influente, oferecendo novas perspectivas sobre a guerra móvel e o papel dos tanques na batalha. Sua abordagem inovadora e foco na manobra tática o destacaram como um líder militar avançado.

A abordagem de Rommel à guerra era prática e orientada para o combate real. Ele acreditava na importância de liderar pelo exemplo e de se adaptar rapidamente às situações em constante mudança no campo de batalha. Sua capacidade de avaliar a situação, tomar decisões rápidas e explorar as fraquezas do inimigo o diferenciavam como um comandante exímio.

A Divisão Fantasma de Rommel

A primeira participação de Erwin Rommel na Segunda Guerra Mundial ocorreu em 10 de fevereiro de 1940, quando ele foi nomeado comandante da 7ª Divisão Panzer alemã, uma unidade de tanques altamente móvel. Nesse papel, ele desempenhou um papel fundamental na invasão da França, que começou em maio de 1940.

Rommel liderou sua divisão com habilidade e ousadia durante a Blitzkrieg alemã na Batalha da França. A estratégia de Blitzkrieg envolvia o uso coordenado e rápido de forças terrestres, aéreas e de infantaria motorizada para surpreender e esmagar as defesas inimigas antes que pudessem se reorganizar. Rommel aplicou suas táticas de mobilidade e manobra de tanques para avançar rapidamente através do território francês, contribuindo significativamente para a vitória alemã.

A mobilidade e a imprevisibilidade da 7ª Divisão Panzer era tão grande que ficou conhecida como a “Divisão Fantasma”. Durante a campanha na França em 1940, Rommel e sua divisão ganharam uma reputação de mobilidade e agressividade, o que levou seus oponentes a frequentemente relatar avistamentos da divisão em lugares onde ela não estava presente.

Imagem da 7ª Divisão Panzer (Divisão Fantasma)
Imagem da 7ª Divisão Panzer (Divisão Fantasma)

Essa percepção de que a 7ª Divisão Panzer estava em vários lugares ao mesmo tempo, aparecendo e desaparecendo rapidamente, deu origem ao apelido de “Divisão Fantasma”. As táticas de Rommel envolviam movimentos rápidos, evasões e ataques surpresa, que muitas vezes confundiam e desorganizavam as forças inimigas. Isso criava a sensação de que a divisão estava em todos os lugares ao mesmo tempo, tornando-a uma ameaça imprevisível e difícil de rastrear.

A audácia e a eficácia de Rommel durante a campanha lhe renderam elogios e promoções. Sua liderança na França chamou a atenção de Adolf Hitler, que reconheceu suas realizações e sua abordagem inovadora às táticas de combate. Esse sucesso inicial marcou o início da carreira de Rommel na Segunda Guerra Mundial e estabeleceu as bases para seu papel posterior no teatro de operações do Norte da África.

Erwin Rommel e o Afrika Korps: A Lenda no Deserto

Em 1941, a situação para as forças do Eixo na África do Norte estava complicada, com a Itália enfrentando dificuldades contra as forças britânicas. Foi nesse cenário que Rommel foi nomeado comandante do Afrika Korps, um contingente de tropas alemãs e italianas. Sua reputação como líder ousado e inovador o precedeu, e ele rapidamente se destacou como uma figura influente.

Rommel desembarcou na Líbia em fevereiro de 1941 e começou a implementar suas táticas de guerra de tanques e manobras rápidas no deserto. Seu objetivo inicial era deter o avanço britânico em direção à Líbia e ao Egito. A audácia de suas táticas surpreendeu os britânicos, que estavam acostumados a uma guerra de trincheiras e não esperavam um ataque tão móvel no deserto.

Rommel aproveitou a vantagem da mobilidade de suas forças e da natureza aberta do terreno do deserto para realizar ataques rápidos e cercar as forças inimigas. Ele demonstrou uma compreensão profunda das capacidades dos tanques e a importância da coordenação entre infantaria, artilharia e apoio aéreo. Essas táticas inovadoras deram ao Afrika Korps várias vitórias impressionantes, como as batalhas de Tobruk e Gazala.

Uma das características notáveis ​​das táticas de Rommel era a capacidade de usar de maneira eficaz os recursos limitados disponíveis. Ele frequentemente lançava contra-ataques surpresa, visando as fraquezas nas linhas inimigas. Sua liderança carismática e sua disposição de lutar lado a lado com suas tropas também contribuíram para manter o moral alto, apesar das condições desafiadoras do deserto.

A série de batalhas em El Alamein, a partir de 1942, provou ser um ponto de virada na campanha do Norte da África. Rommel enfrentou o comandante britânico Bernard Montgomery, cujas táticas defensivas e planejamento estratégico minaram as manobras rápidas de Rommel. A batalha de El Alamein marcou o início da recuada das forças do Eixo.

À medida que o conflito continuava, os reforços aliados e as dificuldades logísticas minaram as forças do Eixo, incluindo o Afrika Korps. A derrota nas batalhas de El Alamein e a subsequente Operação Torch, o desembarque aliado no Norte da África, enfraqueceram a posição de Rommel. Ele foi forçado a recuar para a Tunísia, onde suas forças foram finalmente cercadas e forçadas a se render em maio de 1943.

O Papel de Rommel na Muralha do Atlântico

Após a rendição no Norte da África, Rommel retornou à Alemanha e foi nomeado comandante do Grupo de Exércitos B, responsável pela defesa do litoral do Canal da Mancha contra uma possível invasão aliada. No entanto, ele também se tornou cada vez mais crítico das políticas nazistas e das estratégias militares falhas. Rommel expressou preocupações sobre o rumo do conflito e a capacidade de vitória da Alemanha.

Como inspetor-geral das defesas costeiras alemãs, sua missão era reforçar e fortalecer as defesas ao longo do litoral ocidental europeu, em preparação para uma possível invasão aliada. Rommel sabia que os Aliados estavam planejando um desembarque massivo na Europa, e ele estava ciente da importância estratégica de manter essa invasão sob controle.

O desafio que Rommel enfrentou foi monumental. A Muralha do Atlântico era uma extensa rede de bunkers, fortificações, minas terrestres e obstáculos defensivos que se estendia por milhares de quilômetros de costa. No entanto, a escassez de recursos, a pressão dos Aliados e a vastidão da área a ser defendida tornaram difícil implementar uma estratégia eficaz. Rommel reconheceu a importância de posicionar suas forças de maneira apropriada, concentrando suas defesas onde o desembarque inimigo era mais provável.

Rommel concentrou seus esforços na melhoria das defesas costeiras e na preparação para a batalha. Ele acreditava que uma resposta rápida e enérgica ao desembarque aliado era essencial para conter um avanço inimigo. Ele insistiu na colocação de forças móveis prontas para responder a qualquer invasão. Essa abordagem refletia sua crença na importância de manobras rápidas e decisivas no campo de batalha.

Além disso, Rommel foi um defensor da ideia de que a superioridade aérea era crucial para o sucesso das operações defensivas. Ele enfatizou a necessidade de proteger as forças terrestres contra ataques aéreos inimigos e lançou várias iniciativas para melhorar as defesas antiaéreas.

A abordagem de Rommel para a defesa da Muralha do Atlântico refletiu sua capacidade de adaptação às circunstâncias e sua ênfase na mobilidade e na agressividade tática. No entanto, a complexidade da tarefa, combinada com a falta de recursos e a pressão aliada, limitou sua capacidade de implementar plenamente suas estratégias. O desembarque aliado na Normandia, em 6 de junho de 1944, conhecido como o Dia D, testemunhou os limites das defesas da Muralha do Atlântico.

Erwin Rommel e o Atentado de 20 de Julho: Entre Lealdade e Conspiração

O Atentado de 20 de Julho de 1944, uma tentativa de assassinato contra Adolf Hitler liderada por oficiais alemães, marcou um momento crucial de resistência interna ao regime nazista. Entre os nomes associados a essa conspiração estava o do lendário general Erwin Rommel. Seu envolvimento ambíguo nesse evento complexo levanta questões sobre sua relação com o regime, sua lealdade e suas motivações.

Até meados da guerra, Rommel havia ganhado fama por sua habilidade tática e carisma, principalmente por suas conquistas no teatro de operações do Norte da África. No entanto, suas dúvidas crescentes sobre a viabilidade da vitória alemã e sua preocupação com a crescente brutalidade do regime nazista o levaram a se afastar das altas esferas do poder.

Rommel foi mencionado nas discussões do Atentado de 20 de Julho, mas seu papel exato na conspiração é controverso. Há evidências de que ele estava ciente da trama, mas não se sabe com certeza até que ponto ele estava envolvido ou até que ponto apoiou ativamente o complô. Rommel foi identificado como uma figura que poderia unir a resistência militar contra Hitler e, como alguém respeitado pelas tropas e pelo público em geral, sua influência era valiosa para os conspiradores.

Em 20 de julho de 1944, o atentado fracassou. Hitler sobreviveu e uma repressão implacável contra os conspiradores se seguiu. Erwin Rommel não foi diretamente implicado no atentado e, portanto, escapou das retaliações imediatas.

No entanto, a pressão sobre Rommel aumentou. Sua associação com os conspiradores o tornou suspeito aos olhos do regime. Para proteger sua família de represálias, Rommel concordou em cometer suicídio. Em 14 de outubro de 1944, ele ingeriu veneno.

Fernando Rocha

Fernando Rocha, formado em Direito pela PUC/RS e apaixonado por história, é o autor e criador deste site dedicado a explorar e compartilhar os fascinantes acontecimentos do passado. Ele se dedica a pesquisar e escrever sobre uma ampla gama de tópicos históricos, desde eventos políticos e culturais até figuras influentes que moldaram o curso da humanidade."

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