Tumba do Príncipe Waserif-Re é Descoberta após 4.000 Anos
Uma equipe de arqueólogos egípcios realizou uma descoberta impressionante na necrópole de Saqqara, ao sul do Cairo: a tumba do príncipe Waserif-Re, filho do faraó Userkaf, fundador da Quinta Dinastia do Egito, que reinou há mais de 4.400 anos. Esta revelação não apenas lança luz sobre uma figura até então pouco conhecida, mas também oferece pistas intrigantes sobre o complexo contexto dinástico e religioso do período.
Quem foi o príncipe Waserif-Re?
Até recentemente, pouco se sabia sobre Waserif-Re. Identificado como filho de Userkaf, o primeiro faraó da Quinta Dinastia, o príncipe viveu durante uma época de transição marcada pelo fortalecimento do culto solar e pela expansão das estruturas administrativas do Antigo Reino. A tumba recém-descoberta revela mais detalhes sobre sua posição como “príncipe herdeiro”, conforme indicam inscrições hieroglíficas encontradas em uma grande porta falsa de granito rosa, com 4,5 metros de altura e 1,15 metro de largura.
Uma tumba repleta de artefatos enigmáticos
A tumba é notável não apenas por sua idade, mas também pela riqueza de artefatos preservados. Dentre os achados, destaca-se uma mesa de oferendas em granito vermelho com 92,5 cm de diâmetro, cuidadosamente esculpida com listas rituais de oferendas. Outro item de destaque é uma estátua de granito negro, medindo 1,17 metro de altura, com inscrições que identificam o proprietário da peça — possivelmente relacionada ao período da 26ª Dinastia, indicando que a tumba pode ter sido reutilizada durante o Período Tardio.
A presença de Djoser e um possível reaproveitamento cerimonial
Uma surpresa adicional foi a descoberta de estátuas do rei Djoser, sua esposa e suas dez filhas. Djoser é célebre por ter ordenado a construção da Pirâmide de Degraus, o primeiro grande monumento de pedra do Egito, localizado nas proximidades. Estudos preliminares sugerem que essas estátuas podem ter sido originalmente posicionadas no complexo da pirâmide de Djoser, sendo posteriormente transferidas para a tumba de Waserif-Re em épocas posteriores. A razão dessa movimentação ainda está sob investigação, mas pode estar relacionada a rituais de reconsagração.
Descobertas únicas e o mistério das estátuas
Outro achado singular foi uma coleção de 13 estátuas sentadas feitas de granito rosa, dispostas sobre um banco com encosto elevado. No centro do conjunto, foram identificadas as estátuas das esposas do proprietário da tumba, com cabeças bem preservadas, enquanto duas estátuas laterais estão decapitadas. À frente desse conjunto, uma estátua caída de granito negro de cerca de 1,35 metro de altura foi encontrada de bruços, aumentando ainda mais os mistérios em torno das práticas funerárias aplicadas nesse túmulo.
Além disso, foi revelada uma entrada secundária na fachada leste da tumba, com um cartucho pertencente ao rei Neferirkare, sucessor de Userkaf, o que reforça a conexão dinástica entre as figuras envolvidas e o caráter complexo da sepultura.
Uma janela para o Antigo Egito
A descoberta foi realizada por uma equipe conjunta do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito e do Centro Zahi Hawass de Egiptologia, coordenada pelo renomado arqueólogo Zahi Hawass, ex-ministro das Antiguidades. Segundo Hawass, o achado é um dos mais significativos das últimas décadas e contribuirá para reescrever partes da história do Egito Antigo, especialmente no que diz respeito ao papel dos príncipes e à reutilização de túmulos em épocas posteriores.
Os trabalhos de escavação continuam, e os pesquisadores esperam encontrar novos artefatos e inscrições que possam revelar mais detalhes sobre a vida, o status e o legado do príncipe Waserif-Re.
