Achados Arqueológicos em Xinjiang Revelam Túmulos das Dinastias Qin e Han
Recentes escavações no condado de Toksun, próximo a Turpan, na região autônoma de Xinjiang, trouxeram à luz mais de duzentos túmulos antigos atribuídos às dinastias Qin e Han. Essa descoberta faz parte de um amplo levantamento nacional do patrimônio cultural e oferece novas perspectivas sobre os modos de vida antigos na região noroeste da China.
Segundo os arqueólogos, o cemitério remonta a mais de dois milênios, abrangendo desde o turbulento período dos Reinos Combatentes (475–221 a.C.) até os tempos das primeiras grandes unificações imperiais sob as dinastias Qin e Han (221 a.C.–220 d.C.). Esses achados remontam a fases decisivas da história chinesa, marcadas por intensas disputas políticas e pelo processo de Unificação da China.
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Práticas Fúnebres Coletivas na Antiguidade
Com uma área aproximada de 10 mil metros quadrados, o sítio arqueológico reúne túmulos em dois estilos predominantes: montes circulares e estruturas quadradas feitas com pedras sobrepostas. Apesar da passagem do tempo, muitas dessas construções permanecem em bom estado de conservação, e revelam características típicas de rituais fúnebres coletivos praticados por comunidades da antiga Bacia de Turpan.
De acordo com Wang Long, principal pesquisador do Instituto de Estudos de Turpan, esses túmulos oferecem indícios de que os povos da época adotavam práticas de sepultamento compartilhadas. Em vez de túmulos individuais, muitos dos enterramentos parecem ter sido feitos de maneira comunitária, o que pode refletir valores sociais centrados na coletividade e na preservação de tradições tribais.
Escolha Estratégica de Local para Enterros Nômades
Os túmulos foram localizados sobre uma elevação próxima a um rio e a uma nascente natural, um indício de que fatores ambientais influenciaram diretamente a escolha do local. Ekbar Kerim, autoridade cultural local, explicou que esse tipo de terreno era ideal para grupos nômades se estabelecerem temporariamente, circularem livremente e realizarem seus rituais de sepultamento.
Esses padrões de ocupação são consistentes com achados similares em outras regiões da Ásia Central, onde povos nômades costumavam escolher locais próximos a fontes de água e vales férteis para viver, migrar e enterrar seus mortos.
Indícios de Intercâmbio Cultural pela Rota da Seda
Além de seu valor arqueológico, o sítio também pode fornecer pistas importantes sobre os primeiros contatos culturais promovidos pela Rota da Seda — a antiga rede de rotas comerciais que conectava o Extremo Oriente a regiões da Ásia Central, Oriente Médio e Europa.
Kerim destaca que artefatos e estilos de sepultamento encontrados nos túmulos podem ajudar a reconstruir os laços culturais entre civilizações distantes. Esses elementos podem revelar como povos diversos interagiam, trocavam bens e conhecimentos, e compartilhavam práticas religiosas e funerárias.
Apesar das descobertas promissoras, os arqueólogos ainda não conseguiram identificar os indivíduos enterrados no local. Pesquisas em andamento devem aprofundar a compreensão sobre quem eram essas pessoas, como viviam e qual o papel que desempenharam na história primitiva da região.
Os estudos futuros prometem lançar nova luz sobre os povos que habitaram a Bacia de Turpan e seu papel dentro do vasto mosaico que compõe a história da Unificação da China e o florescimento das civilizações durante as eras da Dinastia Qin e da Dinastia Han.